Nota dos Editores: Textos não assinados pela OPP refletem a opinião dos(as) respectivos (as) autores (as). Entretanto, só publicamos textos que estão, no essencial, em consonância com a nossa linha política. É o caso desta nota política que a então RA recebeu em março de 2019 sobre o Caso Battisti.
Cesare Battisti, militante italiano antifascista, ex-membro do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), foi capturado em 12 de janeiro de 2019 pela Interpol na Bolívia, na emblemática Santa Cruz de La Sierra, depois de 40 anos de luta para sobreviver à perseguição fascista.
Battisti foi preso pela primeira vez em 1979, acusado apenas de delitos políticos e fugiu da Itália. Anos depois, foi julgado em ausência pela corte de Milão, que o acusou e condenou a duas prisões perpétuas por quatro homicídios, um deles como cúmplice moral, e nos demais como participante ou executor. Detalhe: os verdadeiros autores dos crimes já haviam sido julgados e cumpriam sentença. Não houve provas, nem testemunhas, nem indícios, nem advogados reais: os advogados de defesa receberam procurações falsificadas. Os fatos foram inventados pelos magistrados com a ajuda dos delatores premiados, que tiveram até 80% de suas penas reduzidas.
Depois de Anos, Battisti obteve refúgio do governo Mitterrand, na França. Com a retirada do asilo francês, fugiu ao Brasil, onde ficou ilegalmente preso por quatro anos. Alvo de implacável campanha da mídia, Batistti teve sua extradição decidida em duro julgamento pelo STF em 2009. Com a prerrogativa constitucional de tomar a decisão final sobre a extradição, o ex-presidente Lula concedeu asilo político ao militante. Após a eleição de Bolsonaro, em dezembro de 2018, o ministro Fux decretou a sua prisão preventiva. Por que tamanha mobilização contra o perseguido político? O que nunca foi revelado sobre esse caso?
É o que esta nota ajuda a esclarecer.
Contra o terrorismo de Estado: solidariedade incondicional a Cesare Battisti